Testes da vacina contra o HIV mostraram resultados significativos. Os dados apresentados no Aids Vaccine 2007, congresso realizado em Seattle (EUA) no mês de agosto, referem-se à primeira fase de estudos da vacina desenvolvida pelo laboratório Merck, em associação com a Rede de Estudos de Vacinas do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (INH), iniciada em 2004। Dentre 360 voluntários que não têm o HIV, 76% identificaram o vírus.“O resultado foi promissor no Brasil e em todos os países que participaram dos testes”, afirma o pesquisador Esper Kállas, que coordenou o estudo na Unifesp. Segundo ele, este é apenas uma de três importantes fases no desenvolvimento de uma vacina eficaz. No Brasil, o Centro de Referência e treinamento em DST/Aids (SP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro também participam do estudo.Neste primeiro estágio, pesquisadores aplicaram uma vacina em pessoas sadias e consideradas “de baixo risco”. Para avaliar a eficácia da vacina no organismo, os pesquisadores retiraram sangue destas pessoas vacinadas e, em laboratório, testaram a reação que teriam com fragmentos do HIV. A maioria identificou a presença dos mesmos, indicando que o organismo poderia reagir à infecção. “Foi um dos resultados mais promissores obtidos até hoje com uma vacina experimental”, avalia Kállas.Embora seja um indicador importante, o resultado não atesta que a vacina experimental seja aprovada em outras duas fases, necessárias na pesquisa de qualquer produto aplicado em seres humanos. Na segunda parte do estudo, já em andamento, 3 mil pessoas devem ser submetidas ao teste e, na terceira, milhares. Nesta última, metade dos voluntários receberá a dose de vacina experimental e metade placebo (tratamento inerte, sem medicamentos). Para Kállas, estes processos devem consumir ainda muitos anos de estudo.“A vacina contra o HIV é diferente de outras”, afirma Kállas. “A vacina contra a pólio, por exemplo, é feita a partir de um vírus atenuado e aplicada na pessoa. No caso do HIV, não se pode correr o risco de infectar a pessoa; portanto, os pesquisadores escolhem alguns ‘pedacinhos’ do HIV relativamente conservados e produzem a vacina”. Uma forma indireta de estimular o sistema imunológico da pessoa.Apesar da perspectiva otimista, o pesquisador alerta que é importante não esquecer as medidas já consagradas de prevenção, como o uso de camisinha nas relações sexuais e o emprego de materiais descartáveis para injeções. “Ainda temos muitos anos pela frente até que a vacina, se provada eficaz, esteja disponível para as pessoas”, alerta Esper Kallás.